Folha de São Paulo — Como você vê a adequação do movimento antropofágico de 28 no Brasil de hoje, evidentemente muito mudado?
Darcy Ribeiro — A Antropofagia do Oswald de Andrade era a expressão de um momento da literatura mundial e Oswald teve um talento formidável de devorar aquilo e dar uma linguagem para isso. Mas na realidade a antropofagia de Oswald é apenas uma promessa, de um vigor incrível, mas que nunca se completou como ato. Quem completa o ato é Mário de Andrade com Macunaíma, um livro definitivo, feito de erudição, um dos textos mais belos e mais dignos que o Brasil já teve. Foi um movimento de encontro conosco mesmo, contra o endeusamento do gramaticismo, do retoricismo, do helenismo, do francesismo de Bilac, do mundo gramatical de Rui Barbosa. A antropofagia é sempre importante porque expressa, dentro do Brasil, uma assunção do Brasil.
quarta-feira, 30 de junho de 2010
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